domingo, 20 de janeiro de 2013




BAREN  

 


Baren é um projecto de xilogravura que tenho vindo a desenvolver na Porta Verde em Aveiro.
Um baren é um instrumento de gravura. Foi concebido pelos japoneses para ser usado na xilogravura. Tem uma forma circular e é constituído por camadas de cartão, corda e, elegantemente revestido por uma folha de bambu.
É com este objecto que os gravadores japoneses (e não só) transferem as suas imagens da matriz de madeira para o suporte de papel. É um objecto belo.
Vi um baren pela primeira vez na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, no contexto de um workshop de xilogravura japonesa com o professor Hiroshi Murayama, em 2010. 

 

Ao longo do trabalho, o “vestido” de bambu do baren do professor rompeu-se. Murayama olhou-o atentamente. Antes que lhe desse um destino, apressei-me e solicitei-o. Fiquei com a folha de bambu que, tem na sua composição as memórias das imagens que fez nascer no papel de todos os gravadores que o usaram.


 É dessa folha que retirei um fragmento e construí a imagem que apresento como logotipo do projecto. Aqui, a forma oval tem o propósito de se insinuar em movimento.
Um dia haveria de ter um baren, um baren made in Japan pelas mãos de quem tem nas pontas dos dedos os rituais de tempo, o tempo de construir um objecto, leve o tempo que levar. Ficará perfeito certamente e, cumprirá com preceito o seu propósito.
O meu baren foi-me oferecido pela Margarida, amiga de conversas, de afectos, de partilha de gostos pela orientalidade e também de arte. O meu baren veio do Japão. Uso-o em rituais de festa, quando recebo visitas, para que possam levar nos olhos e na mente a memória de uma imagem transferida da matriz para o papel em movimentos redondos de tempo.
Elisabete Amaral
20/1/2013


 
NOTA: Estou na Porta Verde às sextas- feiras à tarde.
            Xilo na Porta Verde: pode ser visto em: