BAREN
Baren é um projecto de xilogravura que tenho vindo a
desenvolver na Porta Verde em Aveiro.
Um baren é um instrumento de gravura. Foi concebido pelos
japoneses para ser usado na xilogravura. Tem uma forma circular e é constituído
por camadas de cartão, corda e, elegantemente revestido por uma folha de bambu.
É com este objecto que os gravadores japoneses (e não só)
transferem as suas imagens da matriz de madeira para o suporte de papel. É um
objecto belo.
Vi um baren pela primeira vez na
Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, no contexto de um workshop
de xilogravura japonesa com o professor Hiroshi Murayama, em 2010.
Ao longo do trabalho, o “vestido” de bambu do baren do
professor rompeu-se. Murayama olhou-o atentamente. Antes que lhe desse um
destino, apressei-me e solicitei-o. Fiquei com a folha de bambu que, tem na sua
composição as memórias das imagens que fez nascer no papel de todos os
gravadores que o usaram.
É dessa folha que
retirei um fragmento e construí a imagem que apresento como logotipo do
projecto. Aqui, a forma oval tem o propósito de se insinuar em movimento.
Um dia haveria de ter um baren, um baren made in Japan pelas mãos de quem tem nas
pontas dos dedos os rituais de tempo, o tempo de construir um objecto, leve o
tempo que levar. Ficará perfeito certamente e, cumprirá com preceito o seu
propósito.
O meu baren foi-me oferecido pela
Margarida, amiga de conversas, de afectos, de partilha de gostos pela
orientalidade e também de arte. O meu baren veio do Japão. Uso-o em rituais de
festa, quando recebo visitas, para que possam levar nos olhos e na mente a
memória de uma imagem transferida da matriz para o papel em movimentos redondos
de tempo.
Elisabete Amaral
20/1/2013
NOTA: Estou na Porta Verde às sextas- feiras à
tarde.
Xilo na
Porta Verde: pode ser visto em: